quarta-feira, 22 de junho de 2011

Despedaço.

Guardou as bailarinas e os pierrôs velhos
Na caixinha de música bordô.
Deixou tintas e também tripas
Pra quando voltasse.
Doía por toda a partitura.
Dedicou algum pus e algumas lágrimas.
Dançou a última ciranda,
E ficou no chão o suor do artista.
Nasceram ali árvores de enamorados
E vácuos de adeus, e pênis e vaginas
Os frutos viscerais do homulher da arte.
Enraizaram depressa alguns desamores
Mas, fez-se outono precoce.
Cruzou o velho porto,
O nômade
A criatura
O animal – bicha
O michê-langelo.
Aí, fez uma pausa para morrer afogado
Nos seus náufragos Amores.
Ouviu lá longe a marcha e os trompetes
Chamando pro mundo o seu nome.
Num ímpeto, juntou seus pedaços
Deu um murro no cavalo,
E fugiu com o circo.
Foi engolir as mãos e aplausos da platéia
E mastigar um por um
Do respeitável público.
Senhoras... e senhores.  

Claudio Rizzih.