terça-feira, 22 de março de 2011

Cruel

Por que é que tem que ser tão fraca? Que me deixa perder por pouco?! Por tão pouco?!
Que em qualquer esquina me pode raptar?! Que está nos cantos, nos banheiros, nos pés, debaixo dos braços, no olfato. Por que?! Por que tem marretas nas mãos capazes de destruir construções de períodos longínquos?
Pergunto-me sem pausas, por que.
Tentei -e tento- por inúmeras vezes fugir, abrigar-me. Mas os abrigos me socorrem por pouco tempo, perdendo-me por algo que dura menos tempo ainda.
O olfato junta-se com a visão, e me põe nas idéias um suicídio carnal. Nem mesmo preciso tocar pra perder as estribeiras! Está ali, perto do que posso ver, sentir, cheirar. Humanamente cruel.
Talvez seja -mais uma vez- esta minha condição de "excesso" a causa disso. Não sei ser pouco, nem sentir pouco, nem estar pouco. Preciso me afogar, e dependendo do caso, retardar a imersão.


A existência do sexo é cruel! Ou a força que ele exerce sobre mim, é.


Aviso aos humanos: Lavem-se com os mais fortes perfumes! Abusem de todos os cheiros artificiais existentes. Escondam os seus cheiros de gente de mim. Ou estejam em estado inodoro. Amputem seus pés, e não tenham pêlos. Passem pela minha vida, mas não cruzem com a minha tara. Minha libido pode ser você.


Porque a carne não é fraca.
Fraco sou eu.
Minha carne é sua.
Me Ame aqui.




Claudio Rizzih.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pensamentos póstumos de um recém nascido.

"A vida tem seus altos e baixos", diz o ditado popular.
Talvez a sua vida seja assim. Talvez a vida seja assim.
Eu, optei por fazer da minha vida,uma roda gigante. 
Luz, poesia, brilho, romance, medo e perigo.
A segurança é ridícula. Quase inexistente.
Dá medo de cair. Calafrios, ás vezes.
Ignoro.
Aceito definitivamente a possibilidade de cair, ganhar sequelas, ou morrer.
Pois que eu morra.
Desde que minha vida passe aos meus olhos na velocidade de uma roda gigante. 
Que eu possa ver de perto os Amantes se beijando, e beijar a idéia de um dia Amar de novo.
Desde que eu veja o brilho, a luz.
As luzes.
Que eu morra. 
Desde que o Amor jamais morra em mim, e que assim, se morra em poesia.


Pois se as voltas que a vida dá, mesmo que muitas, são curtas...
Então que o que se faz em vida, seja gigante.


Claudio Rizzih.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sambódromo

Desfilam sem intervalo verdadeiras escolas de samba pelas avenidas que me cercam, com pessoas fantasiadas, maquiadas e camufladas em tecidos e brilhantes que me impedem às vezes de reconhecer sua identidade, ou descobrir quem são verdadeiramente.  Por vezes isto me agrada, outras não. Por eu ser este excesso o tempo todo, às vezes preciso ser cercado do nu que simplifica o contato e a troca de sentimentos. Pois canto então, o mais harmonioso samba de Amor, ás musas que bailam á minha volta, que desde seus primeiros passos ás minhas vistas, despiram-se dos esplendores gigantescos e mostraram-se magníficas pelo simples.
Eu, jurado de mim, lhes dedico as notas mais altas, e aguardo ansioso por vê-las desfilar novamente, alegrando-me com sua existência, e torcendo para que este seja um ciclo permanente.  
Verdadeiras rainhas da (minha) bateria, dançando ao som da batida do meu coração.
Guia. Mulher. Humana. Amante. Amiga. Negra. Loira.
Sambista.
Amada.

Cláudio Rizzih.