segunda-feira, 25 de julho de 2011

Balsa


O meu coração está inflamado:
Há uma birgorna no espaço do peito
E um anzol na pálpebra.
O resto é aterro e outono.
Eu fico pensando em como você está.
Se está sorrindo, o que está comendo, quem está comendo.
Se está vestindo aquela camisa que eu te dei
Ou mesmo a minha que ainda está aí porque me esqueci de pegar
E fica justa em você, mas você insiste em usar.
(Porque ela é linda e eu aposto que você usa para galantear á outrem)
Meus olhos, meus dedos, meus pelos
O coração - o peito e o pênis
Estou tão em você...
Eu sinto a sua falta, ta?
Do cheiro da tua cara depois de comer pizza
De passar pomada nas feridas das tuas costas
Da tua bordoada na minha cara.
Eu sinto, na verdade, falta de morrer todos os dias.
Estou sem você.
Tão vivo que não me agrada.
Eu que havia aceitado a condição do estado de coma
Desde que tu estivesses á beira da cama,
Agora faço terapia ocupacional
Brincando de vida por aí.
Vivo.
Beijando mendigos e putas
Pra boca não ficar seca.
Tão cheio de vida por nada.
Tão cheio de nadas nessa vida,
Que não me encanta. 
Volta pra mim e me mata de vez.
Me mata de novo. 
Porque "morrer de Amor", tu sabes
Me apetece.
Uma overdose de recomeços.

Claudio Rizzih

sábado, 9 de julho de 2011

Aviário

Palavras em bando, para o quase Amor
De uma vida de talvez
(Ou mesmo de nuncas)
Para uso de ninho.
(Coma-me inteiro
E deixa no estômago.
Ou expulsa cloaca á fora.
Mas, come).

Eu quis voar e posar nos teus ramos
Mas tu tinhas contigo a peste no teu aviário.
Lacrou-me as patas, e me deixou pelado,
De vontade de pelado.

Achei que tivéssemos casado alí mesmo.
Mas não casamos porque...
Porque?!
Porque... porque... porque
Infernos de porquês.

Porque não tinha padre, pronto.
Por isso.

E se quer saber,
Acho melhor que nem te lembres.
Pois vale mais a preciosidade do esterco
Do que estas palavras desconexas.
Ficas lindo ao lado do teu pássaro.
Continues, pois.


Claudio Rizzih