quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Feto

E daí que tu tens que acordar amanhã cedo?
Atende esse telefone agora, e me ouve.
Me ouve porque eu preciso dizer que Eu Te Amo.
Que Eu Te Amo mais do que qualquer "mais do que".
Que eu passo os dias procurando involuntariamente nos outros
Um pedaço de vida que me aproxime daquilo que nós éramos juntos.
Sei que você vai dizer que é drama, cabeça fraca
Mas preciso confessar que quando estou feliz
Procuro as nossas lembranças e me ponho triste
Porque não aceitaria jamais "superar" tudo isso.
Isso de "bola pra frente e a vida continua".
A vida continua sim. A minha vida, em suas mãos.
Então eu escolho mais uma vez o náufrago, o aborto.
Porque a vida vem tentando germinar em mim sementes de amanhãs
De outros e cores que eu já conheço.
Eu as aborto todas.
Como pode depois de todo sofrimento, temporal, e
Madrugadas insones de coriza
Eu Te Amar ainda mais do que quando ontem?
Eu tenho comprado todos os teus perfumes e passado em mim
E me entorpeço e me toco, pra enganar-me a pensar que és tu
Mas nem minha mão tem o calor dos teus dedos
Nem eu sou capaz de passar num simples toque
Todo o Amor que tu me davas.
Sabes o que sinto ao te ver com prováveis Amantes?
Vontade de matá-los. Um a um.
Eu o faria gritando, e me insoparia.
Aí faríamos Amor ao lado do corpo.
Mas eu não sou assassino de outros. Só de mim.
Nem tu me Amas mais como antes.
Não me queres como antes.
Não lembras com frequencia do nosso antes.
Não atendes os meus pedidos de reconciliação
Nem mesmo atendes o telefone.
Boa noite.
Vou por nosso Amor pra dormir.


Claudio Piegas Fossa Rizzih.