(Notícias do Velho Porto, parte II)
A mistura dos nossos cheiros de gente, de humanos e artistas.
As nossas tessisturas se confundindo
Numa fusão de notas que não se pode reconhecer com exatidão.
Somos alma.
Somos Luz e reluzimos alma.
Somos os alguéns que nos aplaudem. E aplaudimos sem parar as nossas fontes diversas de Amor ímpar e Arte bruta
Que lapidamos em nós mesmos a cada canção, movimento, palavra.
Aplaudimos sem parar o fato de ter um sentido maior a nossa existência de tantas incógnitas:
Encher de luz toda geometria do mundo,
E alcançar os corações sedentos de brilho e calor.
Claudio Rizzih.
Em homenagem aos meus Amigos de alma, palco e elenco da Cia. Grito de Teatro, pelo Sucesso absoluto de "POP, O Musical".
Saravá!
domingo, 27 de fevereiro de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Glória
Nunca gostei de ser consolado. Nem mesmo quando criança. Quando me entristecia com algo ou alguém, me isolava, e me permitia sentir as minhas dores sozinho. Devo dizer que sou apaixonado por abraços, e em horas difíceis eu até os aceito. Mas, dispenso toda e qualquer palavra; Dispenso todas elas.
Hoje é (mais um) dia, em que acordei insone, beijado e abraçado pela saudade.
Focando meu olhar ao passado, em uma fração de segundos revejo muitos momentos de glória em minha vida, momentos indescritivelmente emocionantes. Mas, se eu tivesse a oportunidade de poder reviver um dia de minha vida, trocaria as platéias lotadas, as premiações, as declarações de Amor, e os dias de gargalhadas incessantes por momentos que são para mim de glória muito maior (pena, só agora eu ter me dado conta do quanto).
Voltaria em uma tarde destas, onde ao passar pelo portão, eu o avistava na esquina, com uma mão no bolso, e a outra segurando as sacolas que traziam pão quentinho da padaria. Ou em um dia qualquer, antes de ir pro banho, passasse eu pela lavanderia pra pegar a toalha, e da janela o visse deitado, ouvindo o seu rádio de bolso apoiado sobre a barriga protuberante. Escolheria reviver o fim de qualquer dia, que se encerrasse pelo cheiro do café novo que ele fazia, apoiado nos armários. Talvez uma daquelas manhãs em que ele me acordava absolutamente pontual para algum compromisso. Poderia ser uma destas manhãs, mas de forma melhor: Um daqueles compromissos em que ele iria comigo, todo bonitão, cheiroso, de terno e tudo! Como no dia em que fomos fazer a minha identidade.
Ah, se eu pudesse voltar...
Ouvir mais uma vez a sua risada, ou a sua bronca quando brigava com meus irmãos. Sentir o seu cheiro muito particular. Quem me dera a oportunidade de sentarmos juntos á mesa mais uma vez para almoçar, no nosso cantinho, meu e dele, cadeiras lado á lado, enquanto eu o ouvia mastigar daquele jeito esquisito, por causa da idade.
Ele me amou de todas as formas possíveis. Ajudou-me em tudo o que lhe estava (ou não) ao alcance. Defendeu-me feito leão. Me dedicou o Amor mais puro que meus lábios puderam experimentar, que meus olhos presenciaram, e que me pudesse encher os ouvidos. O Amor maior do mundo. E eu, tentei lhe devolver na mesma medida todo este Amor, mas jamais será o suficiente. Nada do que eu fizer, vai chegar perto daquele Amor que eu sentia num simples beijo, ou abraço quando voltava de viagem. Este Amor maior, que me amou por quem sou.
Foram oitenta anos de vida. Oito meses acamado, o que tornou á sua partida um processo menos doloroso, por nos fazer acostumar com a idéia de não tê-lo por perto.
Nunca gostei de ser consolado. Talvez, ao ler estas palavras, você venha até mim para dizer que “são coisas da vida” ou que “ele está bem melhor do que nós” ou que “ele está no céu e feliz”. Eu sei disso tudo. Agradeço seus sentimentos, mas dispenso suas palavras.
Porque aceito sim, de verdade, a morte do meu avô. Mas, jamais aceitarei o fato de não estar mais com ele. E isso, palavra nenhuma pode dar consolo. Palavra nenhuma vai me dar a glória de tê-lo de volta. Nem mesmo por apenas mais um dia.
E se hoje, alguém admirar tudo o que faço, nos palcos e na vida, deve dedicar aplausos fortes e intermináveis. Não á mim, mas ao Sr. Abílio Canuto Pereira. É á ele que devo tudo o que sou, tenho, e serei futuramente. Por me amar todos os dias de minha vida mais do que a si mesmo, e por desde o início, calçar o chão onde eu pisaria.
Aplausos!!!
Um Beijo, Vô.
Te Amo. Agente se vê!
Junior,
Claudio Rizzih.
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