Nos teus braços havia um trapiche.
Decidi então caminhar pela madeira escorregadia, úmida e cheia de limo.
Ameacei cair durante o percurso, mas me segurei forte o bastante em algo abstrato que tamanha força me deu.
Quão lento foi o trajeto, saudoso. Quero dizer, frio de saudades. Mas havia calor na voz que nascia da canoa, me alcançava na marola, e pescava-me.
Ocorreram-me tantos pensamentos. Céus... Quantos!
Desconfiei que eu não soubesse o que era vida.
E não sabia. Mas sabia do que se tratava “viver”.
Havia água doce na placenta da mãe vida, e eu, o descompasso, por ordem natural de pai destino, fui precoce, e me auto-pari.
Pari-me para que nos teus braços eu descobrisse logo o desabrochar do Amor. Para que conhecesse todo e qualquer sentimento que não fosse efêmero. Para tornar-me homem.
Teus braços bailavam jogando as redes de longe, para que eu corresse, pulasse, e me embolasse em ti e na tua vida.
Pois no rio vivia um peixe. E nos teus braços um trapiche.
E eu corri.
E corri, e saltei, e caí.
E morri afogado.
E morri de Amor.
E venho morrendo, então, de Amor, todos os dias.
Claudio Rizzih.
3 comentários:
Eu sempre fico sem palavras para descrever o que sinto ao visitar esta casa. Muito porque o que tem aqui e capaz de mexer profundamente com sentimentos do leitor. É como se o proprio Claudio fosse no profundo de nossas almas e lá revirasse tudo que há, deixando-nos não apenas atônitos com a leitura, mas sem ter como expressar, como externar tudo que cada frase foi capaz de tocar em nosso ser.
Só me resta, mais uma vez, dar os parabéns por mais uma pérola como essa.
Me sinto uma criança escrevendo quando me deparo com tuas obras.
Me tocas, é inevitável, sempre!
E assim morro, também, de amor!
Caminhos são sempre muito torturosos. Principalmente, quando no final, encontraremos uma grande recompensa. Nenhum caminho é fácil se formos para pra pensar.
O meu, até encontrar a minha casa foi doloroso, e deixou em mim marcas.
Mas hoje, eu tenho meu porto seguro, um lugar para atracar meu barco, um peito pra recostar.
Nem sempre é fácil guiar minhas velas até onde meu cais se encontra, mas eu sei que ele está lá, sempre. E desde que eu o encontrei, a vida ganhou um novo sentido.
Mais uma vez, Parabéns! Todos os parabéns do mundo! E as lágrimas daquela que te Ama!
Postar um comentário