terça-feira, 24 de maio de 2011

Remate

Desaire de minha parte oferecer-te o vício
Propondo acreditar ser trivial quando na verdade
Poderia lhe por as faces ralo á baixo.
Amaste-Me baixinho, na fumaça
E o teu Amor me fazia chorar cinzas
Aleijando-me por completo.
Cantavam os desafinados, as luas, e as pneumonias.
Tu entoavas hinos ao Amor,
E eu estragava tudo com meu contra canto nada harmonioso.
O que foi a vida até agora, Amante?
Tanto fiz, andei e corri
Tantas vezes morri
E por que então viver se não para Amar?
Traz as manhãs, os cafés, o aljôfar
Inebria tuas vestes com meu hálito
Porque na noite seguinte eu já terei sumido
Sem deixar epílogos plausíveis
Nem papéis de bilhetes e borrões.
Apenas o remanescente de um quase “nós”
Junto de algumas palavras e canções num cinzeiro.
Pusemo-nos na boca, e saboreamos toxinas
Um misto de saliva, cereja, nicotina.

E o meu cigarro me queimou os dedos.
E o teu Amor me queimou o coração.

Claudio Rizzih.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sementeira.

Traça de pelúcia.
Terço de madeira.
Vestidinho para a pomba gira.
Não posso mais subir este morro.
Com borrifadas de flor da noite
Tu penteias-me a boceta.
Eu não tenho vagina.

Tu me acaricias ao mesmo tempo em que és as minhas chagas.
Tu és o meu Amor e a minha doença.
Vê?
Sente como fede?
É doce.


Claudio Rizzih.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Assassinato.

Deitei-me ao teu lado, nu das faces todas
Despido de tecidos e argumentos.
Salivei ao te ver sorrir, e te reconheci artista
Enquanto modelavas-me as linhas retas (ou tortas).
Dançamos ao som da ópera que brotava das frestas
Não que tenhamos realmente ouvido algo.
Mas há tantos violinos no nosso silêncio
Que é de fato um grande concerto a fusão dos nossos corpos.
E eu chorava enquanto beijava teus pés
E tu me recolhias as lágrimas.
Com anzol puxava-me o rosto
Para então estuprar meus sabores.
Reinava no desalinhar a boca
Os corações, os pelos e as desculpas
Procurando uma absolvição
Por tudo aquilo que num vão foi empilhado.
Nós éramos desta forma, os segundos, os minutos
O compasso, os cheiros, a tristeza e o gozo.
Concluí que eras tu a tarrafa, e eu a presa medonha.
Tamanho calor me fazia suar lodo.
Tu me Amavas e me mastigavas.
Eu te digeria.
Um processo sem demora
Por toda a geometria gustativa.
E eu então chorava enquanto tu me matavas
E em lapsos das dores, sorria, enquanto ia morrendo.
Eu Te Adoro em toda a parte.
Deus abençoe a sujeira.

Claudio Rizzih.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Dezenove Invernos.

Intensos, revoltos, poéticos, bucólicos. O cinza lá fora, e as cores em nós. Vibrantes. Multicores.


Saravá, Amantes! Muito Obrigado por tudo! Pelas palavras, e preces, e lágrimas, e calor e novembros.
Eu os Amo.
Sem mais.
Quanto as formalidades...
Ao Deus Pai, à majestade e aos governadores do meu reino, aos protagonistas da minha comédia e tragédia constante, ao Grande Amor da Vida, aos tripulantes.
Lhes dedico a razão do movimento matinal das pálpebras destes anos todos, e os meus obrigados milhares por me encher os pulmões de ar.
Deixo minha palavra aqui, na promessa de esboçar palavras melhores numa outra ocasião, que alcance numa forma mais precisa o quanto sou grato á estas criaturas. 

Da sorte, não sei.
Mas Oxalá que haja Amor, Vida e CORAGEM, para que eu possa chegar aos cem.
E que vocês ainda estejam comigo! De forma ou de outra.


Muitas Felicidades em muitos anos de Vida.
Eu sobrevivi!

AMEMOS.
Claudio Rizzih.