sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Última Volta da Montanha Russa

Está se findando o ano de 2010, que ficará eternizado na memória de todos aqueles que o bem viveram.
Minha nossa! Como foi intenso este ano! Com palavras me é impossível descrever como foram os dias e tempos todos deste ano. Mas, bem, este é apenas um registo final. Não gosto de coisas programadas, mas me senti no dever de deixar aqui algumas palavras para finalizar o calendário -e o calendário apenas- pois creio fielmente que não é a passagem de um ano para o outro que afasta de nós tudo o que foi vivido até "ontem".
Então o meu muitíssimo obrigado, vai antes de mais nada para os que comigo dividiram tudo que de mais deliciosamente louco eu vivi nesta variação de dois mil e tantos. Ao (meu) Amor, e ao Meu Amor mais uma vez, por me servir da fonte mais farta de inspiração que é a sua existência, e o simples fato de existir. Todas as inspirações, meu bem, fluíram dos teus rios em choque com meus oceanos. Eu Te Amo. Obrigado! Para Sempre juntos!
Família de sabiás, vocês simplesmente não dimensionam o quanto eu os Amo! Com todas as minhas forças! Obrigado pelo apoio incondicional e Amor que me dedicam todos os dias. Tenho certeza que nossos Amados Imortais nos observam lá de cima com orgulho, por sermos assim, tão unidos e fortes como somos. Eu espero que o ano próximo seja de dias e tardes e noites colado em vocês!
Mãe meu tesouro maior, tudo é teu! Paizão, Mana e Mano, o meu Amor maior do mundo á vocês!
Andresa, violeta e alma gêmea... Espero em 2011 poder lhe dedicar em palavras sonoras, todos os "Eu Te Amo" que você merece ouvir. Eu Te Amo completamente, perdidamente. Estou entregue, Meu Amor!
As princesas do meu reino, Raphaela, Suelen, Schell... Vocês colorem e dão o sentido real á minha vida. Eu seria nada sem vocês! Tudo o que sou, é parte do que vocês são em mim!
Aos melhores amigos do planeta, Léo Távora, Angelo, Sil, Glaucio, Sandrinha, Cici, Thays, Diogo, Gabi, Kênya... Impossível citar todas as pessoas que me salvaram de tantas formas.
As Saudades insistentes, Deise, Bella, Ju Partyka (minha deusa), Baiana, Prof Beta, Gaby Paschoal, Fernandinha Ávila. As doses de açucar e rajadas de sorrisos são bem menores sem a presença de vocês!
Dois mil e dez, trezentos e tantos dias, todos eles absolutamente encharcados de Saudade de você, Vô. Sonhos saudosos, lágrimas ardentes, vazios impreenchíveis. Mas, tudo se finda com a linda esperança de logo nos encontrarmos!
Amigos de palco, camarim e colchia: Merda! O mundo é mundo de verdade quando estamos juntos!
Aos meus alunos que tiveram paciência com o professor mais maluco da Terra: Eu torço por vocês, á todo momento! Lembrem-se sempre de tudo o que vivemos juntos, e de tudo o que tentei passar de bom á vocês. Aceditem! Minhas crianças, e minhas crianças á adolescer, o "profe" AMA vocês!

E agora, com todo o Amor que me cabe, e gratidão nele envolta, o meu maior obrigado de todos á você, leitor, admirador, Amigo, fã, incentivador, e todos as outras nomenclaturas que melhor lhe couber denominação. Em geral, ponho-me de pé, e me curvo diante da minha fiel platéia, que independente da atração que o palco oferecia, aplaudiu-me de pé! Agora, os meus aplausos á você! Vocês são a razão de tudo isto. Não haveria melodia para canções, palavras para estórias, expressão para o teatro, ritmo para a dança, afeto para ensinar, nada! Sem você, platéia, de nada me valeria!
Bravo! Bravíssimo! Aplausos intermináveis á todos vocês!

Lembrem-se, queridos, do que costumo dizer em todos os momentos para aqueles que me cercam: "O sonho começa, á partir do momento em que você acredita".
Frase surrada do tempo, e um tanto clichê, talvez. Mas nada em minha vida funcionou melhor, do que lembrá-la sempre que almejei algo. E por acreditar, consegui!
ACREDITEM!

Os fogos estouram, os abraços aquecem, um novo calendário é pendurado.
O ritual aqui em casa, é o mesmo. Mas a porta está sempre aberta. Jamais há de se fechar. E se isto acontecer, tenha certeza que você estará no lado de dentro.
Esqueça o "em 2011". O -aparentemente tão distante- ano que vem, é logo na segunda-feira. Praticamente depois de amanhã.
E eu, com uma chícara de café, e algumas palavras fervendo em sentimentos, te espero aqui!
Não vá se demorar, heim?!
Seja Feliz, AGORA!

LUZ E CALOR!

Com Amor maior do mundo,

Claudio Rízzih.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pulso

Á você, que tem por propriedade meu coração, os meus trezentos e sessenta e cinco obrigados por tudo, e mais trezentos e sessento e cinco "Eu Te Amo".
Eu Te Amo muito mais. Eu Te Amo muito além.
A chuva, o tempo nublado e as borboletas estomacais ainda são as mesmas, ainda estão aqui.
Aliás, tudo está aqui, comigo, pulsando.
O que insiste em se chamar "passado", é na verdade um presente gritante em memórias e felicidades passadas. Arde.
E eu sigo assim. Te Amando por todos os dias, como disse que faria. Faço dos ponteiros do relógio, pulso. E a cada batida do meu coração, ele passa e deixa para trás alguns segundos e minutos, acelerando os dias cada vez com mais rapidez. Claro, faz-me danos irreparáveis. Mas, lembro á todo instante que no ar, ficou a promessa do "quem sabe um dia".
E é por este dia que ainda segue o intinerário de uma vida que, pertence na verdade á você.
É por este dia que segue o pulso.
Eu Te Amo muito mais. Eu Te Amo muito além.
No treze de dezembro de dois mil e oito, dois mil e nove, dois mil e dez, virgula, e depois ponto.
Porque esta virgula é permanente.
E permanente é a intensidade de tudo o que um dia eu disse sentir por você.
Um dia eu disse sim.
E sim, valeu a pena.
Continua valendo.
Mesmo quando só dói. Ainda sim, vale a pena.


Por Deus! EU TE AMO!
E só eu sei o quanto.

"Sim!"
13/12/2008
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Aos leitores, minhas desculpas pela ausência, e pelo texto carregado. Mas, é para mim um documento. Um registro deste treze de dezembro. Impossível nao fazê-lo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Clichê e Gostoso.

Depois do jantar agradável em um restaurante que não era destes de ter mil talheres, mas ainda sim muito refinado e de bom gosto, voltaram ao carro. Antes disso, numa tentativa frustrada, ensaiou pagar a conta. Henrico gentilmente o fez.
Não era o mais rico de todos, e tinha alguns poucos anos a mais de vida do que Ana, que contava vinte e um. Morava sozinho e levava uma vida que podemos chamar de boa, sem preocupações financeiras. Dirigia a empresa de arquitetura de seu pai como profissão, e era fotógrafo por paixão. Fotografava cabelos, crianças, senhoras, dias nublados. Ana era maquiadora em um salão de beleza conceituado, e bailarina dedicada. Morava com a tia Clotilde em um apartamento pequeno. A renda era pouca, mas estável. Com o salário de Ana, e a aposentadoria de Clotilde, era possível pagar as contas, comer e vestir-se bem, e vez ou outra dar-se ao luxo de ir á uma festa com amigos.
O destino os fez encontrar em uma tarde de segunda-feira, quando Henrico fotografava modelos de tamanhos maiores para um catálogo de um amigo. Deise é quem deveria estar naquele dia maquiando, mas mal podia levantar-se de tamanha cólica que lhe surpreendeu. Ana, colega de trabalho, mas antes disso melhor amiga de Deise, foi em seu lugar.
Ao fim do ensaio, era apenas Henrico, o computador, algumas fotos de modelos, e milhares de fotos de uma menina-mulher baixinha, magra, de cabelos loiros escuros presos de mal jeito por um lápis, que lhe faziam ficar estático frente á tela. Bom, o resto não é lá muito misterioso. Ele tinha o número do salão. Apareceu duas ou três vezes, mas sem sucesso. Era um tanto tímido. Ana notou seu interesse, e sem que precisasse se esforçar, sentiu batidas aceleradas que se converteram em sorrisos discretos, como os que dizem “Só estou esperando por você”. Ele era tímido, e não burro. Esperou o fim do expediente, e a levou para um quiosque ali perto. Dois sucos, um convite, um sim.
Pois bem, antes de voltarmos ao carro, vale dizer das mil mensagens trocadas todos os dias, das horas intermináveis durante a noite no telefone, e as vezes até e-mails. Eram dois corpos em chamas, alimentados por um coração. Um, porque bastou um sorriso em uma tarde de segunda-feira para que houvesse uma soma que, céus, poderia ser eterna. Ou não. De qualquer forma, não nos cabe o futuro.
No carro, ele liga o rádio. Está tocando uma das músicas que Ana adora ouvir na rádio enquanto toma banho. Automaticamente, ela cantarola. Só pára quando é surpreendida por aquele homem que a olha com tanto Amor, e ri da cena que, sim, era engraçada. Engana-se quem pensa que ela ficou sem jeito, mas que nada, era atrevida. Só precisava reconhecer o terreno. Agora, o rosto dele era menos sorridente, e mais neutro.
- Pra onde vamos agora, Sr. Henrico?
- O que você sugere?
- Qualquer lugar desde que você esteja junto.
- Tem um lugar que eu não conheço, mas queria entrar.
- É só dizer, podemos ir até lá.
- A sua vida.
Houve um silêncio. Ela tocou seu rosto, sentiu a aspereza de sua barba, dividida pela maciez de seus lábios, que agora beijavam seus dedos. Não era necessário nenhuma palavra á mais. Aquele gesto não dizia “você pode entrar”, mas “você já está lá á muito tempo”. Henrico partiu, com um sorriso idiota no rosto, e ardendo em sentimentos. Ana também estava assim. Voltara a cantarolar, exibindo um sorrisinho tonto, e gritando por dentro.
Chegaram. Era um apartamento bonito, muito bem decorado, espaçoso e confortável. Ele cogitou oferecer alguma bebida á Ana, mas não era preciso. Ela era atrevida, lembra? Mostrou á ele um olhar em chamas,que pedia água, mas ainda que molhadas as chamas não se apagariam tão cedo. Não demorou. Henrico á despedaçou á medida em que ela implorava por isso. Ele se fez demônio, e ela se fez cadela. Ao final –de muitas cruzas- das chamas sobraram as brasas. Havia nos dois líquido inflamável para muito tempo, mas antes disso, havia Amor. Eles ainda não sabiam. Desconfiavam, mas não sabiam. Amavam-se, céus, e como.
Ana acordou primeiro, e fez da manhã, palco de seu espetáculo de sentimentos gostosos e clichês. Vestiu a blusa de Henrico, que era muitas vezes maior do que seu tamanho. A blusa, suas roupas íntimas e só. Foi até a cozinha, e encontrou sem precisar procurar muito o café, umas torradas intactas e alguma coisa para complementar. Sem que ela percebesse, Henrico a admirava com um sentimento que palavras não explicam. Ela era tudo de melhor... mesmo que de costas. “-Ei!” foi o que ele disse, supreendendo Ana.
Ela virou-se. Ele munido de sua câmera fotográfica, tirou um retrato de Ana.
Por trás daquelas lentes, estavam os olhos  de um homem que conhecia agora o gozo de um Amor verdadeiro, sólido, e totalmente distante do mundo feminino ilusório que ele havia desbravado antes.
Á frente das lentes estava Ana. Ana menina, mulher, bailarina... e esposa.
Bom, pelo menos era assim que ele queria que fosse.
E ela também.

Claudio Rizzih.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Valente.

Era uma rapariga invocada. Lílian tinha apenas cinco anos, e já pensava como gente grande. Sua mãe naquele dia, lhe pôs um belo vestido florido. Estavam de saída, para uma visita ocasional aos tios. A pequena foi até seu quarto, pegou uma de suas bolsinhas pequenas, e foi ao encontro de sua mãe. Na cozinha, abriu a bolsa, que estava vazia;
- Mãe, a minha bolsa ta vazia, vou levar minhas maquiagens.
- Está bem filha.
Lílian foi ao quarto, apanhou seu estojo de maquiagens, um destes coloridos que se compra em lojas de brinquedos mesmo.
- Pronto mãe.
- Vamos então. Meu bem ponha meu celular na sua bolsinha.
- Não dá mãe, vai ficar ruim, minhas maquiagens já estão aqui.
- Mas o que é que tem? Não custa nada, vamos, ponha!
- Não mãe! Você deu essa bolsa pra mim de presente, ela é minha, e eu já estou levando minhas maquiagens!
- Mas Lílian, tem espaço de sobra aí dentro!
- Não tem não! E mesmo se tiver mãe! A senhora tem uma bolsa que é só sua! Ela é bem grandona e cabe um monte de coisas!
- Mas eu não vou levar minha bolsa. Vamos Lílian, ponha já meu celular aí, se não vamos nos atrasar! Mas que coisa!
- Ui, ui, ui! Não posso nem ter minhas coisas em paz! Porque é que você me deu a bolsa então? Você já tem a sua, e eu não posso nem usar a minha em paz! Está bem, pode colocar o seu celular na minha bolsa, mas quem vai levar é você. Pode deixar. As minhas maquiagens eu levo na mão.
E saiu resmungando...
- Ui, que droga, ui! Ela já teve um monte de bolsas e sempre leva o que ela quer. Daí ela me dá uma bolsa e eu não posso nem usar do meu jeito! Hoje não vou ser mais a amiguinha dela.

E ela estava certa. Sim, ela, Lílian. A bolsa pertencia á ela. Foi dada á ela, pequena, colorida, assim como sua vida em seus primeiros anos. Sua mãe tinha muitas outras bolsas, grandes e por vezes de uma só cor. Mas não havia o que fazer. Lílian entendeu que era sua mãe, e que não podia discutir.

Ás vezes, é realmente dispensável discutir, e isso vale muito mais para nós adultos, do que para crianças. Mas, se você realmente quer, seja valente: Deixe a bolsa de lado, e leve sua maquiagem na mão.


Cláudio Rizzih.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Mortais


Seus personagens, por mais apaixonados e amorosos que fossem, possuíam sempre um forte lado racional, capaz de determinar o que era conveniente á se dizer em determinada ocasião, e como agir em certas situações. Quando conheceu Antônia, há cerca de quinze anos atrás, as coisas mudaram involuntariamente. Apaixonou-se, e se fez o mais entregue dos homens diante da reciprocidade de sua amada, que o quis na mesma intensidade. Casaram-se, conheceram os extremos da felicidade, companheirismo e cumplicidade. Nem mesmo a convivência os desgastou. Amavam-se tanto, que quando surgia um conflito, optavam por diálogos, geralmente curtos, devido às inúmeras possibilidades de resolver o impasse, que a adoração que um tinha pelo outro lhes proporcionava.
Aquele havia sido um dia comum. Acordou, tomou um café sem leite e meio amargo, como gostava. Olhou-se no espelho e percebeu que a barba estava grande demais, mais do que ele sempre usava de costume. Vestiu-se, e foi para o jornal, onde tinha um caderno semanal. Deu continuidade ao conto que estava preparando para o sábado próximo. Era quinta-feira, e ele não estava lá muito adiantado. O fez. Terminou o conto completamente assim que os primeiros sinais da noite surgiram, após surtos de inspiração inexplicáveis. Entrou no carro, e partiu para casa. No caminho, pensou em comprar cerejas para Antônia, mas quando deu por si, já havia cruzado outra rua, que o levaria para casa mais rápido. Entrou no elevador e se lembrou de sua mãe. Sentiu saudades. Abriu a porta, e estranhou o silêncio que dominava o apartamento, visto que aquela era a hora da novela que Antônia não perdia. Chamou duas ou três vezes. Foi ao quarto, e morreu. 
O corpo, ainda produzia espasmos. Gritava Antônia por toda parte. Ela não estava no quarto, nem na sala, nem no banheiro, nem em casa, nem talvez na cidade. Todas as suas roupas haviam sumido, assim como os perfumes, sapatos, e até mesmo o seu sabonete. Tudo. Na sala, só agora percebeu a falta dos porta-retratos, dos bilhetes fixados na parede, dos livros e revistas dela. Na televisão, um rascunho. 
“Laerte, meu querido. Sei que não entenderás... e nem é preciso. Nem eu entendo. Não encontrarás explicação, por conta de tanta felicidade, e agora isso. Mas não posso mais sufocar a mim mesma. Guardei dentro de mim, muitos medos, e ânsias e expectativas. O acúmulo foi tanto, que já não cabe em mim, nem em nós dois juntos, nem neste apartamento, nem mesmo nesta cidade. Pensarei em você todos os dias. E você, não faça o mesmo. Nunca fui, nem nunca serei digna de um Amor como o seu. Não vou lhe pedir perdão, pois eu mesma jamais me perdoarei por isto. Não me procure, não encontrarás. Mando as fotos pelo correio, assim que fizer uma cópia das mesmas. Um beijo, um abraço, e um muito obrigado por tudo. Onde quer que esteja, eternamente sua. Antônia”.


E só. 
Laerte não sabia o que sentir. Deixou-se cair no chão. Ensaiou pegar o telefone, e ligar para os pais de Antônia. Inútil. Ela não tinha vínculos fortes com a família. Levantou-se num impulso, e pensou em ir á Petrópolis. Na casa da amiga que ela sempre teve como irmã, era o único lugar onde poderia estar. Mas reconheceu á si mesmo, que uma viagem á outro estado, não seria lá muito viável. Não naquele instante. Não naquele estado. Deitou no sofá, e chorou. Gritou de dor. Quando o cansaço físico venceu, foi à janela. Olhava para os carros lá em baixo, o fim e o começo da avenida, na esperança de ver Antônia correndo desesperada, arrependida, voltando para seus braços. Em vão. Nada de sol, nada de Antônia. Deitou-se novamente no sofá, e dormiu. 
Sete meses depois, acordou. Foram dias e mais dias de pesadelos reais. Mas era hora de acordar. 
Indo para casa - a nova casa, onde passou a morar poucos meses após o sumiço de Antônia - sentiu fome. Como sabia que não teria um grande banquete quando chegasse, parou em uma confeitaria. Pediu um café, com leite. Sim, era necessário mudar velhos hábitos. Olhou para a rua, e avistou a praça. Era pouco mais de oito de horas, e, mesmo sendo a praça no centro da cidade, não havia ninguém lá. Foi. Sentou-se no banco de madeira. Deixou sua mente livre. Era um dramaturgo de sucesso, e precisava acabar com a maré de contos ruins e personagens depressivos que vinham nascendo em sua mente. O café estava acabando, mas não lhe deu vontade de sair dali. A noite estava agradável, e uma lua meio envergonhada deu as caras. 
Olívia estava um tanto reflexiva naquela noite. Antes de ir para o “beco”, foi a uma lanchonete comprar alguma besteira que lhe satisfizesse o estômago pequeno. Comeu ali mesmo uns biscoitos de baunilha com refrigerante, e se pôs a caminhar. Avistou a praça. O relógio não marcava mais que nove horas, era realmente muito cedo. Havia ali na praça um homem, boa pinta, bonitão, sozinho. Não lhe passou em nenhum momento pela cabeça, fazer dele um cliente. Nem mesmo uma boa conversa lhe ocorreu. Só queria sentar-se, e ficar quieta. Mesmo aquela praça estando no centro da cidade, e estar cedo da noite, a sua condição de garota de programa, não lhe permitia sentir segura em todo e qualquer lugar, sem a companhia de suas colegas. Como o homem aparentemente não lhe oferecia risco, decidiu atravessar a rua, livrando-se por sorte de um atropelamento.
- Olha por onde tu anda, piranha! - Olívia, assustada deu de ombros, envergonhada. Admitia ser culpa sua. Era afobada e elétrica, mas por vezes oscilava entre dias quietos e introspectivos. 


Sentou-se no mesmo banco de Laerte, na outra ponta. Ele, que presenciou todo o acontecido, arriscou umas palavras.
- Foi por pouco, não é? Que sorte! Tome mais cuidado, moça. 
- É. Sorte mesmo. Mais um pouco e ele teria um belo estrago no carro. 


Laerte se impressionou. Ela não se mostrou preocupada consigo. Nem um pouco. Depois do espanto, não segurou a graça, e ensaiou uma risada tímida, lembrando da moça virando o pé no salto alto, enquanto escapava do acidente. 
Aí, olhou para o lado. O vestido curto revelava um belo par de pernas, magras, e brancas. Tinha também fartos seios, e até então, era apenas corpo, apenas carne. Bicho mulher. Olívia acompanhou Laerte na risada. Empurrou os cabelos para trás da orelha, descobrindo um rosto que não se sabe dizer da reação que provocava. Tinha belos dentes, um nariz fino, sobrancelhas arcadas, e olhos castanhos escuros. Nem mesmo a maquiagem carregada foi capaz de ocultar a inocência que havia naquele sorriso. Olharam-se, olho no olho. 
Laerte talvez acabasse de ganhar uma nova personagem que trouxesse de novo o brilho para seus contos. Ela talvez ganhasse um cliente para aquela noite de terça-feira, movimento fraco. 
Coitados. Dois mortais, que não podiam lutar contra a força do acaso, do encontro, do destino. 
Coitados... Mortais.


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Por agora, deixo em suas mãos, ou melhor, em sua mente e coração, o desenrolar desta estória de corpos e almas. E que o Amor fale por nós. Que o Amor fale por eles.
[Continua...]


Cláudio Rizzih

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Noiva Sal.

Ela estava linda, pura, casta, virgem em sentimentos. Eu nunca á conheci, mas era assim que os meus olhos á enxergavam. O sorriso bobo no rosto denunciava os sentimentos que, bem, posso imaginar quais eram. O noivo, não vi. Havia mais de um homem de terno preto, que acabou por me confundir entre fotógrafos, e talvez padrinhos. Por mais demasiado lento que o carro transitasse não o pude reconhecer. Quis enfiar a cabeça para fora da janela, e gritar o mais alto que pudesse á ela que fosse feliz. Não o fiz, pois não estava confortável devido às pessoas que comigo estavam, mas fechei os olhos por uns segundos, e desejei que fosse o mais feliz que pudesse, e, ser feliz naquele momento, seria fugir. Quem já se rendeu ao Amor de corpo e alma, carne ossos e tripas (...) sabe o que é ser tragicamente feliz.
Não te assuste caro leitor. Não estou me referindo á “fugir” de abandonar o casamento, o noivo, o compromisso, não. Não estou falando de fugir do mar, em suas depressões e calmarias. Estou falando de fugir de si. Diria –“Corra, noiva, fuja!”. Fuja da noiva, noiva.
Se a pudesse conhecer, diria para que fugisse. Fosse Amor, e Amasse sim. Mas não se deixasse cegar.
Ame com tudo o que tens, mas ama á ti um por cento a mais do que a todo o resto. Pego-me em risos, ridículo, ao ler o que estou escrevendo. Quem sou eu para dizer isto á alguém? Por Deus, quem sou eu para dizer isto á uma mulher recém casada? Ninguém. Absolutamente ninguém. E por não ser ninguém, digo.
Lhe diria que o amasse, e desse de si o melhor, para proporcioná-lo a felicidade que em promessas dedicou no altar. Mas que não naufragasse. Não engolisse toda a água daquela fonte, podendo então se afogar. Deixe os teus olhos, para fora, noiva. Te entrega de corpo e alma, mas arranca a cabeça do corpo, e segura debaixo do braço.
Queria eu vê-la no momento em que se preparava para registrar o momento em fotografias, correr desesperada ao mar, e entregar-se ás águas talvez gélidas que á metros dali estavam. Lavaria a alma. Cobriria seu corpo de sal. O sal necessário para fazer sua carne pura e casta durar mais, diante das mutilações involuntárias e auto-mutilações que o Amor e Paixão provocam. Sal para durar.
Não a pude conhecer. Nem sequer pude gritar “Seja Feliz”. É absolutamente improvável que estas palavras cheguem aos olhos dela. Ela não sabe da minha existência, e além do mais, quantas outras noivas casaram-se naquele mesmo dia?
Então, escrevo para que sinta.
Seja feliz, noiva. Mas, seja primeiro humana, mulher, e aí, noiva.
Não sejas mar. Dê á ele a sua água, toda a sua água se precisar. Mas não dê á ele, nem a ninguém a sua fonte. Esta precisa estar intacta dentro de você, sempre. Mergulha, noiva, mas deixa os olhos de fora.
E te cobre de sal. Assim, você humana, mulher e noiva duram mais. Noiva que ama o noivo, mas que se amou primeiro.
Seja feliz, e aí então, seja noiva.
Noiva Sal.


Cláudio Rizzih.

Segue o vídeo da composição, resultado destas palavras!
Saravá!

domingo, 3 de outubro de 2010

Carne, Ossos, Tripas e Amor.

Um título um tanto quanto direto para quem é capaz de assimilar estas palavras. Digo direto porque, é isto o que somos e disto não passamos; Apenas carne e osso e tripa. Nem sempre Amor. Mas bem verdade é que, alguns de nós são mais Amor do que carne. Alguns tripas por Amor e Amor até os ossos.
Iguais, eu julgo. Rim, coração, pele, sangue, intestino. Iguais. O que nos faz apontar o dedo e determinar um belo “amontoado” é o que é possível enxergar aos olhos, e imaginar a possibilidade de ser palpável.
Carne. Alguns pedaços são mais atraentes, claro. Mais corados, mais cheios de vida... dá vontade de comer só de olhar! Outros podem apresentar uma coloração nem tão chamativa assim; Talvez seja pequeno demais, ou com uma camada de gordura muito grande, ou até mesmo, pode ser aos seus olhos, nojento. Carne, e só.
Mas o que “vale”, o que realmente nos prende, é o abstrato, o alucinógeno. Quero aqui registrar, que eu gostaria muito que cessassem em mim as vontades loucas de tentar explicar sentimentos. Se possível será, não sei, mas gostaria.
O abstrato alucinógeno. É como um cigarro de maconha. Papel, erva, fogo e saliva. Mas o que te leva à outra dimensão, e te faz flutuar, talvez perder o juízo, são as substâncias que adentram sua boca, e tomam conta de você por inteiro. A fumaça. Comparo isto, aos sentimentos. Carne, osso, tripa e só. Só! Não somos nada mais do que isso.
Mas, um timbre de voz é suficiente; A forma como se arregaça a boca á se mostrar em dentes é suficiente. Uma gentileza é suficiente. Você inala doses de fumaça, e pronto. O amontoado te derruba. Te faz esquecer a condição existencial de apenas carne e osso, e te entorpece, a ponto de cometer loucuras. É bem possível que você se torne um dependente, e por um momento não crê que sua existência seja possível sem o amontoado e a sua “fumaça”.
Erva, papel, saliva e fogo, eu desconheço. Mas conheço bem a dependência avassaladora. Sim, por amontoados. Por um pedaço de carne, ossos e tripas. Deste amontoado saía uma fumaça que me entorpecia, e me permitiu loucuras.
Mas tudo o que me prendia á você, era o abstrato alucinógeno que fluía dos teus canais. No mais, és apenas tripa e pele, como eu. Reconheço, que és o amontoado de carne mais bem feito, corado, e apetitoso. Mas são só... formas. Eu também as tenho. Pele e tripa. Tenho.
Vencido pelo cansaço. Cansaço de surrar os meus pedaços. De Amar até ossos.
Quero agora, canalizar isto tudo á necessidades físicas.
Para a sede, água; Para a fome, comida; Para carência, queridos. Para desejo, carne, e ossos, e tripas, e só!
Amor, não. Não agora. Não para com amontoados. Estou em processo de reabilitação.

Cláudio Rizzih.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Rotina.

Bom Dia Saudade. Você aqui de novo?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nascimento

Não me canso, não me acostumo.
Cada vez em que me sinto inspirado, é como se fosse a primeira vez.
Quando “vejo” as palavras vindo a minha mente, a melodia escorregando entre os dedos, as notas fluindo magicamente, é único!
E então, começo a viver o sentimento mais precioso de minha vida. Ver minha canção nascendo, tomando forma, criando vida. Sorrio feito criança, enquanto canto as frases que acabara de criar. São poucos os  minutos... e é daí que vem as melhores canções!
Uso de minha imaginação, e imagino minhas músicas como pessoas... Como é o seu jeito de olhar, de rir, sua aparência... É uma forma de tornar aquilo ainda mais único.
Hoje minhas palavras são breves... quero apenas registrar pela primeira vez neste espaço, o quão feliz me sinto, ao nascer de uma nova Canção.
Vale ressaltar que, dias atrás, inspirado em uma vivência, escrevi o post “Herança”. A música que nasceu hoje, tem o mesmo nome, e é fruto da mesma vivência! Fico extremamente Feliz vendo que, pela primeira vez, todas as pessoas que acompanham meu trabalho puderam estar “perto” enquanto nascia esta canção. Foi á poucas horas atrás, mais precisamente ás 21hrs01 min, que nasceu de mim “Herança”.
Portanto, quando ouvirem esta canção tocando em algum lugar, lembrem-se de quando ela surgiu!
Encerro com minha frase que abriu minha participação ontem no VIII Festival de Música “Henrique da Silva Fontes”, onde me apresentei, e por decisão dos jurados rs, levei o segundo lugar.

"Viver da música, e que a música viva em nós."

Abraços, Sucesso e Luz!

Cláudio Rizzih.

sábado, 11 de setembro de 2010

Partitura.

O Teu Amor.
O teu olhar e os teus olhos. O teu rosto. Tua textura. Tuas mãos salva-guarda e os teus braços abrigo. Tua boca e o teu beijo impossível de ser descrito. Teu beijo e a sensação que só eu sei qual é. A tua voz, o teu jeito de falar, e a tua risada esquisita. A tua ternura, o teu abraço, e os teus modos de dizer de mim. Teu cuidado, e teus descuidos. Teu corpo, tua temperatura, teus pés. A forma. A química, a Sintonia.
Tua extensão, tua sanidade. Teu rosto, teu corpo, teu sexo.
Teu desejo de mim, teu eu, tua existência.
Assim, desse jeito, sem tirar, nem por.

Que vontade insaciável do que é tecnicamente teu, e que eu julgarei Eternamente, meu, e só meu.
A tua vida. A nossa vida.
O Teu Amor, que é minha canção.
A canção do teu Amor.
Guarde a partitura, sou o único que sabe toca-la.
Saudades.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Herança.

Eu não entendo mais nada. Nada de nada, nada de tudo. Hoje, descobri e afirmei para mim mesmo, que não quero mais “entender”. Em minha vida, muitas coisas eu deixei de entender, para “sentir”, mas ainda sim, busquei compreender determinadas situações, decisões, e pessoas. Agora, escolhi não entender mais nada. Vou apenas sentir.
Eterno.
Ta aí uma palavra que eu Sinto. Melhor dizendo, está aí a palavra que eu mais sinto.
Eterno é teu nome. Eterno são tuas palavras. Eterno sempre será tudo o que fostes.
Tudo o que ÉS. Sempre serás, e não há como fugir. Não é algo que eu ou você possamos decidir ou mudar. Está aqui. Aqui dentro. Eterno é tudo o que és. É tudo o que fomos.
Parece que agora, desbravaremos novos horizontes, e não mais nos veremos todos os dias. Mas existe um lugar nos meus sonhos, dentro de mim, lá no fundo, onde nós ainda caminhamos lado á lado, pelas ruas tortuosas beiradas pela mata úmida e verde. Estas são estradas infindáveis. Caminharemos Para Sempre. E todas as vezes em que eu olhar para o lado, você vai estar ali, sorrindo de forma gozada, me chamando de nomes engraçados, e me empurrado para que eu corra atrás de você e lhe dê uns tapas. Eterno é tudo isso. Eterno é teu nome.
Eterno é teu cheiro impregnado em minh’alma, e nunca nenhuma chuva forte lavará.
O jeito como você adorava me surpreender com singelas lembranças, declarações de Amor aleatórias, e com abraços e beijos calorosos em noites gélidas, tanto lá fora, quanto entre nós, que cedíamos ao nosso Amor diante deste gesto. Isto, é Eterno.
Não foram algumas gramas de prata e aço que nos uniram. Foram toneladas de Amor que você jogou no meu quintal. Vai levar muitos meses, creio que anos, pro vento dissolver todo esse Amor no meu jardim. Porém, as raízes estarão sempre aqui, impossíveis de arrancar, e prontas para florescer novamente, basta eu ouvir meu nome em teus lábios.
Fica para nós dois, a herança. A herança do criador, para a criatura. Eu, e você.
Criadas em mim, para ti, nasceram “Decisão”, “Anjo”, “Fragmentos”, “Amor Eterno”. De nossas vivências, nasceram “Essas Palavras” e “Meus Pedaços”.
Te farás mais presente do nunca, todas as vezes em que estas canções forem entoadas por mim. Ainda que longe, estarás ao meu lado.
E quando ouvires um dia, estas canções tocando no rádio, quem sabe embalando romances e estórias de Amor, saiba que a culpa é tua. É o fruto mais puro do Amor que deste ao meu coração.
Isso é o Eterno.
Eterno é teu nome. Eterno é tudo o que tu és.
Eterno sou eu, eternamente grato por ter vivido ao teu lado.
Te Amarei, em todos os dias da minha vida, Agora e Para Sempre.

Beicinho.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Primeiras palavras...

Pronto. Aqui está o meu novo blog, para dividir experiências, idéias e principalmente, sentimentos. Não consegui recuperar a senha do meu antigo (e põe antigo nisto) blog, o que não muito me importa, afinal, todas as postagens dele haviam sido excluídas, para refaze-lo. Portanto, aqui está meu novo espaço virtual, para que meus grandes amigos, familiares, e admiradores dos meus trabalhos, e a quem mais interessar (rs...) possam acompanhar vivências, e o crescimento, fruto das mesmas. Aos que acompanhavam o antigo blog, muito obrigado! Sintam-se todos acomodados e aconchegados, em minha velha casa de madeira; Baú de sentimentos, e refúgio de emoções. Abraços, e muita Luz!